sábado, 21 de maio de 2011

Arraiá das UEBA's para Salvador em protesto contra as políticas de sucateamento das Universidades Estaduais da Bahia

Protesto de professores bloqueia a Tancredo Neves, dia 20 de Maio.
Autor: Tanara Régis e Ivana Braga


Quem teve que enfrentar o já caótico trânsito da Avenida ACM, na tarde desta sexta-feira (20), foi surpreendido por mais uma dificuldade causada pela manifestação de professores representantes das quatro universidades estaduais da Bahia. A passeata iniciou na frente do Iguatemi e fechou o tráfego da Avenida Tancredo Neves, se concentrando, por fim, na frente da sede do jornal A Tarde.

Para as pessoas que estavam nos pontos de ônibus do local, a situação em pleno horário de pico é estressante. No entanto, o povo apontou, na sua opinião, a quem cabe a responsabilidade pelo problema.

"Infelizmente, os professores têm que apelar já que persiste a pouca prioridade à educação pública na Bahia. Todos sabem que professor é mal remunerado. Então, o responsável por esse problema é o próprio governo", declara Andrea Soarez, 30, que, cansada, aguardava a avenida ser desbloqueada para pegar o transporte coletivo.


De acordo com Hilder Magalhães, diretor da Associação de Docentes da Uneb (ADUNEB), a negociação vem sendo arrastada, sem avanços, desde 2010. "As inverdades do governo não são apenas sobre os salários. Há ainda o confronto do Decreto 12.583/11 que desrespeita da Lei Estadual dos Magistrados", fala Hilder. O decreto dispõe uma série de medidas que restringem o orçamento das universidade estaduais.

De acordo com ele, a formação dos professores antes do decreto era regida pela Lei dos Magistrados que determina critério objetivos de seleção dos docentes para participação em cursos de formação como o doutorado. "Agora com o decreto, isso fica à cargo do governador, cujos critérios de seleção são apenas políticos", explica o diretor da ADUNEB.

O assunto toca na recente polêmica provocada pela declaração de Osvaldo Barreto, secretário estadual da Educação, durante entrevista a um programa televisivo, de que os docentes do ensino superior do estado teriam uma remuneração maior do que os das universidades federais.


"O secretário precisa justificar ao povo baiano a razão para tantos professores estarem saindo das universidades estaduais da Bahia para tentar concurso nas federais", contesta Jean Santana, coordenador do Fórum da Associação de Docentes das universidades do Estado.

A argumentação de Maslowa Freitas, diretora do Sindicato Nacional dos Docentes (ANDES), para explicar a situação é mais forte. De acordo com ela, realmente o secretário tem razão ao afirmar que a remuneração do docente da universidades estaduais é maior que a dos federais. Esqueceu de dizer, no entanto, que isso só acontece em início de carreira, já que os docentes ao longo do tempo os professores da rede estadual com formação em mestrado, doutorado e pós-doutorado recebem cerca de 30% a menos que os colegas federais com as mesmas qualificações.

Há 25 anos atuando em sala de aula, Maslowa acredita que o secretário divulgou uma informação incompleta para justificar à sociedade o autoritarismo do governador ao mandar cortar os salários dos grevistas e não atender às reivindicações.


Estudantes - Além de professores, também aderiram à mobilização os estudantes das universidades públicas do estado. Representantes do movimento estudantil, Gerusa Sobreira, 23, e Ana Paula Araujo, 21, soltaram o verbo sobre a falta de infraestrutura dos campus universitários da Bahia.

"Em municípios como Serrinha e Valença faltam residências e restaurantes universitários. Inclusive, o próprio prédio da universidade é alugado, não é de propriedade do estado", fala Gerusa se referindo neste último caso ao campus de Serrinha.

As alunas ressaltam que a situação se agravou com os cortes de verba destinados ao ensino superior público que interromperam, inclusive, as obras que estavam sendo realizadas nas unidades da UNEB - Universidade Estadual da Bahia.

"A nossa grande decepção enquanto o movimento estudantil é todo esse autoritarismo vindo de um partido de esquerda. Não são as grande obras de eventos como a da Copa do Mundo que vão mover a transformação desse país, mas sim a educação, que não está sendo priorizada", desabafa Cida Carneiro, estudante doutoranda de universidade federal.

Foto: Roberto Viana // Bocão News

0 comentários:

Postar um comentário

Twitter Delicious Facebook Digg Stumbleupon Favorites More

 
Design by Free WordPress Themes | Bloggerized by Lasantha - Premium Blogger Themes | Top WordPress Themes