E como dissemos ao final da vitoriosa ocupação:
"Desocupamos a reitoria, mas continuamos ocupadas/os na LUTA"!
danilo, feop/se
sencenne cord. regional
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beijos abraços e aperto de mão
Leidivaldo
Carta aberta à Comunidade Universitária
A injustiça que se faz a um, é uma ameaça que se faz a todos.
Quando saímos de nossas casas rumo à universidade, junto com a benção de nossos pais, trazemos conosco esperança: a deles e a nossa. Mais do que esperança, trazemos o firme objetivo de mudar a árida realidade em que vivemos, ou sobrevivemos. E esse certamente é o marco que baliza todas as ações dentro da universidade. Eles (nossos pais, amigos, professores) ficam lá; nós seguimos. Mas romper as fronteiras da opressão e da submissão impostas às classes populares não é tarefa simples.
A épica jornada percorrida pelos filhos da classe trabalhadora para cursar o ensino superior é o símbolo da luta cotidiana. Somo modelos para os que ficam. Exemplos a serem seguidos. Alguns conseguem, a maioria não. Dessa forma a universidade se torna um paradigma de valores: os que podem e os que não podem nela ingressar. Mas nem mesmo isso tira a força de uma juventude que sonha e busca. São sucessões de batalhas que provam diariamente as forças desses jovens.
Portanto, transposta a tarefa inicial de passar no vestibular, vem a grande dificuldade de permanecer cursando uma graduação em igualdade de condições com outros estudantes. Assim, a própria universidade numa tentativa de equalizar essa disparidade busca aplicar as políticas de Assistência ao Estudante, destinadas aos estudantes que comprovarem vulnerabilidade social.
Como disse, estudar é uma epopéia, mas sem elementos lendários, maravilhosos ou mitológicos. Ao contrário, constitui-se de um realismo machadiano. Contextualizarei a seguir essa breve introdução.
Entrei na Universidade Federal de Sergipe em 2006 para cursar Letras Português. Imediatamente solicitei inscrição no Programa de Residência Universitária. Após seis meses de espera consegui uma vaga no Núcleo Residencial Masculino 15. Desde então entendo a importância desse programa para a permanência dos estudantes de origem popular dentro da universidade. Aprendi a conviver, a respeitar, a solidarizar-se, a chorar pela perda de companheiros. Ganhei amigos; irmão que não sabiam que existiam.
Ano passado tentei novo vestibular para Comunicação Social/Jornalismo e passei. Realizei meu antigo sonho.
De 2006 para cá militei no movimento estudantil. Inicialmente no Conselho de Residentes. Depois na Secretaria Nacional de Casas de Estudantes concomitante com o Fórum de Estudantes de Origem Popular. Sempre fui às lutas na defesa de uma universidade pública democrática, popular e inclusiva.
Sempre pautei minha atuação através do compromisso de contribuir com os gestores da Assistência Estudantil na aplicação das políticas de permanência. Combati e combato qualquer ato que se configure com clientelismo ou paternalismo. Entretanto, discordo de gestos legalistas e burocráticos que venham a prejudicar os estudantes, mais de perto os residentes, sem um estudo aprofundado e respeitando as especificidades de cada um.
No programa de Residência Universitária temos direitos e deveres. O bojo dos deveres está expresso na Resolução 25/2006 do Conselho Superior, que dispõe sobre a normatização e funcionamento do Programa de Residência Universitária. Aliás, em muitas oportunidades estudantes e gestores consensuaram que a referida resolução já não atende à realidade do programa.
Baseado nessa resolução é dever do residente apresentar anualmente documentos para atualizar os dados socioeconômicos junto à CODAE/PROEST. Nisso não há problema. Ocorre que dado os prazos coincidentes com o fim do período letivo, aliado a casos de estudantes que moram em outros estados, impossibilitaram o recadastramento de vários estudantes. Como punição muitos deles podem perder a vaga na residência.
Em anos anteriores, inclusive, A CODAE/PROEST acordou com a gestão do Conselho de Residentes de então que no mínimo haveria três datas optativas para os estudantes atualizarem seus respectivos dados.
Esse ano, no entanto, numa decisão unilateral, a equipe da Proest deliberou apenas duas datas em um curto espaço de tempo que ocasionou que vários estudantes não conseguiram fazer o recadastramento.
Não se trata, portanto, de “dois pesos e duas medidas”. Somos intransigentes na defesa de uma assistência estudantil responsável e justa. Mas discordo de qualquer ação que soe a retaliação. E é justamente isso que transparece essa decisão punitiva e perseguitória da PROEST.
Aliás, é corrente entre os residentes o desejo da PROEST em desligar residentes que criticam o modelo e as ações de assistência estudantil adotadas na UFS. Isso fica claro quando em várias ocasiões o próprio Pró–reitor cerceou a voz de residentes e os expulsou de sua sala.
No meu caso especificamente, isso soa com mais força. É público e notório as minhas firmes criticas as formas de gerir as políticas de permanência no âmbito da Proest. Como também não foram incomuns atitudes que deslegitimassem minhas contestações: boicote de ônibus para Encontro de Casa de Estudantes (ENCE’s e ENNECE’s). O fato que mais contribui nessa minha defesa foi a manifestações dos residentes de Laranjeiras que ocuparam por doze dias a Proest reivindicando melhores condições para as residências daquele campus.
Quero alertar que toda as minhas criticas jamais foram direcionadas à pessoas. Mas à formas punitivas e antidemocráticas der gerir a res publica.
Temo assim que esse fato seja um instrumento de retaliação e perseguição. Que seja um julgamento político. Que a Proest use do legalismo burocrático para alijar residentes “subversivos”.
Coloco a disposição da Proest e de toda a comunidade universitária toda a documentação necessária e mesmo autorizo visita domiciliar que comprove minha situação socioeconômica dentro dos parâmetros dos direitos à residência universitária.
Atenciosamente
José Leidivaldo Oliveira
Para quem tem uma boa posição social, falar de comida é coisa baixa. É compreensível: eles já comeram.
Bertolt Brecht
Aracaju, 18 de dezembro de 2009
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Danilo, feop/se
sencenne coord. regional
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