sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Jornal da CEU (USFC) Um projeto, outra obra...

Após as ocupações que deram origem a CEU masculina e feminina, fortes pressões políticas foram feitas pelos estudantes para garantir melhores condições de moradia e aumento do número de vagas. No ano de 1983 foi realizado um concurso interno na UFSC para escolher um projeto de Moradia Universitária, que levou esse nome porque abrigaria também pós-graduandos, professores e servidores visitantes.

O projeto selecionado, entre três propostas submetidas ao concurso, priorizava a vivência coletiva entre os moradores e com a comunidade em geral. Ao todo o projeto previa prédios e casas com uma capacidade ocupacional total de 1.000 (mil) pessoas. Esta proposta de moradia iniciou um processo de pesquisa e experimentação de tecnologias novas e convencionais, que diminuiriam o custo da obra em 50% e ofereceriam muito conforto ao moradores. O projeto uniu diversos departamentos como jamais havia ocorrido antes na UFSC e se mostrou como um trabalho de extensão para a própria comunidade universitária. Contou também com recursos financeiros através de doações de instituições públicas e privadas.

A proposta de administração para a CEU previa uma co-gestão entre a Reitoria e os moradores, como já vinha ocorrendo em diversas outras Universidades pelo Brasil. No dia 13 de maio de 1985 foi lançada a pedra fundamental da CEU e a primeira construção foi o Centro Comunitário Estudantil, que serviria como espaço de convivência e integração entre os futuros moradores.


Após a construção e inauguração desta obra, que demorou aproximadamente dez anos, o projeto original foi abandonado e as casas não foram construídas conforme planejado. O Centro Comunitário, então ocioso, foi ocupado pelas moradoras da antiga CEU feminina do centro da cidade e, mesmo sem estrutura adequada para tal, continua até os dias atuais abrigando mais de 30 estudantes.

Alguns anos depois, iniciaram-se as obras de um prédio para aumentar o número de vagas, que só foi inaugurado em outubro de 2003, nada mais nada menos que 20 anos após a realização do concurso interno. Porém, ao contrário de todas as propostas iniciais de convivência, integração com a comunidade, co-administração, esta obra foi projetada e construída ignorando completamente o projeto original e repetiu os mesmo princípios isolacionistas convencionais. Para agravar a situação, ao invés de dois moradores por quarto como proposto inicialmente, os quartos tornaram-se triplos sem espaço suficiente para tal, e continuam assim até os dias atuais.

Agora, 25 anos após o concurso interno que houve para construir uma moradia decente, o sonho de até 1.000 vagas ainda contrasta com as 153 disponíveis atualmente. O aumento de vagas é urgente e defendido tanto pelos estudantes quanto pela Reitoria, mas a forma com que este processo é conduzido diverge muito. Em 2007, um projeto para ampliação de vagas foi elaborado pela UFSC sem a mínima participação dos atuais moradores e demais estudantes interessados. Apesar da organização dos moradores e de seu interesse em participar do processo, o projeto de um novo prédio para a moradia estudantil não levou em conta todos os erros históricos e a vontade dos estudantes de contribuir com a construção de uma moradia decente.

Além das diversas irregularidades apresentadas pelo novo projeto esta proposta de prédio e outras obras na CEU continuam sendo projetadas e construídas de forma fragmentada, ignorando a visão totalizadora do projeto original.
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danilo, ufs

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